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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EDOARDO MARIO GRANATA

( Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil )

Nasceu no dia 17 de agosto de 1916, na capital gaúcha.

Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito, UFRGS, em 1946.
Sua obra mais conhecida é “Trovas e Trovoadas” (Porto Alegre, 1977).

 

LITERATURA RIOGRANDENSE  VOL. 6  (Poesia & Prosa).  Org. de Nelson Fachinelli.   Capa de Mozart Leitão.  Porto Alegre, RS: Editora Proletra, 1985. 126 p.    Col. Literatura Riograndense Atual, v. 6).                                      Ex. bibl. Antonio Miranda – doação do livreiro Brito (DF)

 

T R O V A S

 

 

11

A trova é u´a maneira
De contar nossa tristeza.
—A saudade de um amor,
Mas com suave beleza...

12

Pedro, Simão, o Apóstolo
Dizem que era pescador;
Quem faz trova também “pesca”
Mas, rima de rimador...

13

 

Uns chamam a trova de quadra,
Mas, outros, de redondilha
São quatro versos apenas
Que só formam uma quadrilha.

 

14

 

Diz-se escrever trovas
É coisa até sem valor;
Mas, nem digo nestas quadras
Que também sou trovador...

15

Trovador é um poeta
Que pouco sabe escrever;
Mas, o pouco que escreve
Faz a gente reviver...

16

 

Trovar já é uma arte
Bem difícil, com certeza:
É trovando que dizemos
Quanto é bela a natureza!

17

Meu verso, minha poesia
É minha dor bem rimada;
É o que sente uma triste alma
Quando não é nunca amada.

18

Verso nunca dá dinheiro,
Nem paga a tinta que gasta
Mas ele é bom companheiro

Isto, quanto a mim nem basta.

19

 

A tinta é o sangue da pena
Com ele vou escrever
De trovas — uma centena
Até o dia amanhecer...

20

Eis aqui belo epitáfio
Para qualquer trovador:
“Aqui jaz quem só trovando
Escapou da própria dor”

21

 

Dia grávido de sol;
Tão fecundo de esplendor,
Pleno de vida e esperança:
Dia do culto do AMOR!

22

Como chamar de egoísta
Um ser que a outro tanto ama?
O amor, à primeira vista
É fogo que queima: é chama!...

23

Amor infeliz não é amor
É a desgraça da vida.
Quem nunca foi amado,
Teve a existência perdida...

24

Queres a definição
Do que é amor nesta vida?
É uma alma que se liberta,
Que procura outra perdida...

25

Andas de preto vestida.
Talvez tenha na alma a dor
De ser viúva, de fato,
De algum afeto ou amor...

26

Nós nuca nos admiramos
De ver um velho curvado:
Ele sonha no Futuro,
Carregando seu Passado.

27

Ah! se entre os pais existisse
A brandura dos avós,
Jamais veríamos crianças
Tão maltratada e sós!

28

Maria Fumaça é trem
É a voz do povo em geral
Mas teu cigarro, meu bem
Tem fumaça, faz-me mal.

29

Meu amigo tosse, tosse...
Até parece verdade:
Essa tosse tão tossida
Dá-lhe personalidade...

30

Muita gente hoje ainda pensa
Que o amor é coisa bonita.
—Quando a coisa fica “preta”
O coração é quem grita...

 

*

 

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Página publicada em setembro de 2021


 

 

 
 
 
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